As Micotoxinas e os Problemas Reprodutivos em Cavalos

As Micotoxinas e os Problemas Reprodutivos em Cavalos

As micotoxinas são toxinas produzidas e liberadas por certos fungos filamentosos, tóxicos para humanos e animais. Essas toxinas são de baixíssimo peso molecular e afetam órgãos como rins, fígado e, por regra, prejudicam o sistema nervoso, imune e endócrino.

Os fungos só produzem micotoxinas em condições favoráveis de unidade, oxigênio e temperatura. Ou seja, a presença de fungos não indica necessariamente a presença de micotoxinas.

Existem milhares de fungos, mas cerca de 100 espécies tem a capacidade de produzir estas micotoxinas. Até o momento detectamos com frequência somente 10% destes fungos em alimentos, sendo esta a principal fonte de ingestão e contaminação dos animais e dos seres humanos.

Em outro texto do blog já abordamos de forma mais global os efeitos que estas micotoxinas podem ter um equinos, bovinos e suínos. Agora queremos abordar especificamente os efeitos delas no que diz respeito à reprodução destes animais, em especial dos Equinos.

As micotoxinas e sua relação com problemas reprodutivos e de fertilidade em equinos

Os efeitos tóxicos das micotoxinas podem ser divididas em oito consequências que podem, especificamente, causar problemas reprodutivos em equinos:

  1. Diminuição/problemas de fertilidade;
  2. Alterações sobre o sistema endócrino, sistema reprodutivo, crescimento do potro;
  3. Falhas vacinais;
  4. Supressão do sistema imunológico;
  5. Redução na produção de leite das matrizes, gerando lotes desuniformes;
  6. Aumento da incidência de enfermidades como diarreias e nutalioses;
  7. Alteração dos nutrientes da ração, afetando a absorção dos nutrientes
  8. Redução de consumo, ou recusa da ração;

As micotoxinas têm baixo peso molecular e são inodoras, impedindo que os animais percebam sua presença em alimentos, por exemplo. A ingestão também pode se dar por inalação, pela exposição dos animais a camas infectadas.

A maioria das micotoxicoses apresentam características subclínicas, não se manifestando em exames clinicos. Isso acontece porque muitas contaminações ocorrem por baixas concentrações, durante muito tempo de ingestão, o que torna mais comum a identificação somente de casos crônicos de intoxicação.

Abaixo segue algumas micotoxinas mais comumente expostas aos animais, cujos efeitos são relacionados à reprodução, causando problemas e deficiências.

 Os Alcalóides do Ergot

A toxina apresenta ações ocitócicas e vasoconstritivas, clinicamente observadas pela isquemia das extremidades, como orelhas, focinho, pernas e cauda. Em surtos graves ocorre a gangrena, levando frequentemente a perda de órgãos por processos degenerativos e necróticos.

A frequência cardíaca decresce e a pressão arterial aumenta à medida que aumenta a quantidade de alcalóides ingeridos. Ergotismo gangrenoso tem sido diagnosticado em lactantes, embora a hipogalactia ou agalactia seja sempre o primeiro sinal clínico da intoxicação, que pode ser produzida com uma dose única de ergocriptina administrada oralmente 24 horas antes do parto. Acredita-se que o efeito primário seja pela inibição da prolactina.

A redução do tamanho do mamilo das tetas ocorre concomitantemente à diminuição da produção de leite. Potros que nascem sem o aumento normal no progestágenos maternos sofrem de função hipoadrenocortical, são pequenos, fracos ou natimortos.

Os principais sinais clínicos de intoxicação por alcalóides na égua em final de gestação incluem:

  • Período de gestação prolongado 11-12 meses;
  • Distocia com éguas, por vezes, tentando a parição por muitas horas;
  • Agalactia com colostro de má qualidade (níveis baixos de imunoglobulinas);
  • "Saco vermelho" - placentas de separação prematura;
  • Placentas edematosa grossas, com pesos superiores a 6,5 kg para uma égua;
  • Potros fracos ou mortos com pneumonia de aspiração em função da luta para sair através de uma placenta espessada.

Os Endófitos Festuca

Produz distintos efeitos sobre os equinos que se alimentam de pasto, variando desde baixas na produção de leite, até a morte do animal. Os efeitos sobre éguas prenhas que consomem grandes quantidades da Festuca infestada por endófitos festuca, podem incluir:

  • Gestação prolongada
  • Aborto
  • Separação prematura do córion
  • Distocia
  • Placenta espessada
  • Retenção de placenta
  • Aglactia (supressão da lactação, ou seja, sem leite)

Além disso, as éguas que pastam pastos festuca infestado de endofíticos no início da gravidez pode ter atrasado as taxas de gravidez ou morte embrionária precoce.

No Brasil, éguas em final de gestação foram alimentadas com aveia contendo sementes de azevém. Eles sofreram perdas fetais semelhantes à condição clínica de toxidez festuca .

A Zearalenona

Possui destacados efeitos estrogênicos. A ação desta toxina se dá pelo estímulo aos receptores estrogênicos citoplasmáticos, incrementando a síntese protéica no aparelho reprodutor. Conseqüentemente, a secreção das células endometriais, síntese das proteínas uterinas e o peso do trato reprodutivo são aumentados. Estas alterações podem levar à pseudogestação pela manutenção de corpo lúteo.

Também pode-se observar uma marcada redução nas taxas de concepção, acompanhadas da repetição de cio.

Em machos jovens, a toxina causa feminização, incluindo edema de prepúcio, atrofia testicular e aumento da glândula mamária. Porém, estas alterações aparentemente, não levam a efeitos sobre a capacidade reprodutiva quando adulto. A redução da libido, bem como uma discreta redução sobre a qualidade espermática pode ser observada.

O comportamento das micotoxinas e modos de prevenção

As micotoxinas de forma geral costumam apresentar algumas características de comportamento:

  1. São termoestáveis (resistente ao calor),
  2. Costumam hipersensibilizar o animal: após contaminado baixas cargas de contaminação pode gerar os mesmos sintomas
  3. Apresentam sinergismos nos efeitos; Diferentes micotoxinas podem se potencializar gerando determinados efeitos com mais severidade.
  4. São acumulativas; se nada for feito, o animal tende a ir acumulando no dia a dia altas cargas de micotoxinas.
  5. Seus efeitos tendem a ser crônicos; e
  6. Dificilmente não são associados ao consumo de alimentos contaminados.

Dessa forma, a abordagem preventiva se torna de suma importância, uma vez que os bolores tóxicos são bastante presentes no ambiente e evitar a contaminação passa a ser impossível. Por tanto, estratégias como:

  1. Utilização de linhagens de plantas resistentes à colonização fúngica;
  2. Colheita apropriada;
  3. Estocagem adequada;
  4. Controle de insetos e roedores;
  5. Controle de temperatura e umidade;
  6. Tempo de estocagem dentro dos limites de vitalidade dos grãos;
  7. Eventualmente irradiação dos grãos; e principalmente
  8. Utilização de efetivos adsorventes de micotoxinas,

Todas as medidas apresentadas são ferramentas importantes e eficientes, para a prevenção e cuidados com a saúde dos animais.

Em se tratando de maior eficiência, praticidade e custo benefícios, a utilização de adsorventes de micotoxinas é o principal. A ação contra as micotoxinas é consequência de uma melhora profunda na recuperação da macrobiota e da flora intestinal - ajudando a prevenir, inclusive, comportamentos indesejados e possivelmente nocivos ao cavalo.

De fácil acesso e utilização, e com efeito relativamente rápido, quando comparado às demais medidas, esses adsorventes são a melhor escolha para situações emergenciais, ou quando o tempo de ação é curto – por exemplo, em épocas próximas à prenhez da égua, agindo, neste caso, como forte agente de prevenção e proteção, tanto da mãe, quanto do futuro potro.

O MOS é um exemplo de um excelente adsorvente de micotoxinas, de fácil acesso e alta eficácia, e junto a ele existem probióticos para cavalos que podem contribuir para esse controle como o Pro-SACC que por ser um simbiótico auxilia na mantença da microflora intestinal. 

Assim, usando dessa ferramenta e praticando essas medidas quem sabe um dia poderemos obter a erradicação desses agentes de nossos alimentos e de seus efeitos em nossos animais e familiares.

 

 

 

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Allan Rômulo
Allan Rômulo

Medico Veterinário, empresário fundador da Univittá Saúde Animal, pós graduado em administração de empresas pela FGV. Formulador e desenvolvedor de tecnologias para nutrição animal, com experiência em marketing veterinário e venda de produtos de conceito.

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